Enquanto meus olhos se abriam lentamente e minha vista se restabelecia, encontrei me em uma sala enorme, sob cobertores feitos da melhor lã. A decoração era meticulosa e cada pequeno componente do ambiente era adornado da forma mais bela. Apesar do tecido e de todas as tochas, ainda sentia um pouco de frio. Não distante da cama onde estava deitado há uma janela e o por do sol em frente a ela revelava um vulto majestoso. Uma figura realmente larga, provavelmente o maior leão que já pude ver. Ele está de frente para o sol e sua capa vermelha com ombreiras e armadura fariam qualquer inimigo pensar duas vezes antes de atacá-lo, mesmo considerando que os anos não tem sido bons para ele. Seu pelo e juba são completamente brancos. Albano! O rei!

“Descanse tranquilo. Você está seguro agora.” – Disse ele com uma voz firme. “Se não fosse por seu amigo você poderia ter sido gravemente ferido. Não é sábio vir a Mithaurian sem ser anunciado, especialmente portando uma arma mágica. Magia não tem sido bem vinda por aqui a séculos.”

Amigo? Arma Mágica? Terei eu batido minha cabeça forte demais? Assim que me viro para o outro lado posso ver uma nova figura. Fisicamente similar a mim. Talvez um pouco maior e mais alto, mas seu semblante é de um descendente dos Verge. Olhos amendoados, queixo proeminente, mãos finas e dedos longos. Mas nunca o vi antes. Não nos arredores da biblioteca ou do templo central pelo menos.

“Deixe que eu me apresente, caro Nettor. Eu sou Hertanyth. Desperto pela magia assim como você foi. Minhas primeiras revelações devem ter acontecido algum tempo antes das suas. A primeira vez que aconteceu eu estava fugindo de Craftsmir logo antes da grande erupção. As águas estavam voando em direção ao norte com pressa e eu achei que algo ruim estava para acontecer. Então decidi correr. O terremoto já tinha começado e eu fiquei preso em um buraco após perder minha montaria. Por sorte, o caminho pelo subsolo que foi revelado a mim permitiu que eu saísse alguns quilômetros à frente e eu fui capaz de voltar para minha jangada e chegar às praias salgadas entre Agadeera e Spellenrune. Mas dentro do buraco havia um estranho brilho em meio às fendas. Em um momento de puro instinto eu me senti atraido àquilo. Peguei alguns escombros que permeavam a pedra brilhante e a atingi diversas vezes. Fui capaz de recuperar um pequeno fragmento, que agora está em posse da alta cúpula de Albano. Mas como o guardei escondido em minha túnica durante minha viagem por barco, aquilo começou a fundir sua energia com a minha e os sonhos começaram. Muito incertos no começo, mas depois de um tempo eu pude ver um exército de heróis lendários dos nossos contos de fadas em combate! Vários eram nada além de vultos, mas um em particular parecia chamar por mim. Um gigantesco Rinoceronte! Pode acreditar? Desde então, penso que a única pessoa viva que pode me ajudar a invocar estes heróis seria Nettor, o último decendente de Malthus! Então eu comecei a vagar pelos arredores do templo e foi apenas uma questão de tempo até você se esgueirar pela noite para as fronteiras de Spellenrune. Você entregou uma cópia de suas anotações a um mendigo, e não demorou muito para que ele as jogasse fora. Imaginei que você não conseguiria trilhar pela floresta facilmente então decidi ajudá-lo com isso. Como um mercador dono do próprio negócio, já estive nessas matas uma dúzia de vezes.

“Chega de formalidades, há muito que temos a discutir. Se você já consegue se levantar, Nettor, por favor junte-se a nós em uma caminhada.Há algo muito intrigante que devem ver.” – Disso Albano.