Passamos apressados pelos corredores e trilhamos nosso caminho pelo subterraneo do castelo em um completo silencio. A porção soterrada do castelo é na verdade bem maior que a vista no campo. Parece que rei após rei havia uma grande preocupação em cavar mais fundo e construir mais alto. Todos os degraus e passagens foram colocados ali para confundir qualquer um atrevido o bastante para entrar no labirinto.

“Vários segredos foram passados de rei para rei junto destas masmorras. Apenas o rei e sua alta guarda conseguem atingir os últimos cômodos desde labirinto em segurança mantendo distancia das armadilhas letais que permeiam o caminho correto. Nosso maior tesouro porém é um que não compreendo completamente. Porém a adaga que carrega em suas vestes me leva a acreditar que esta charada está próxima de ser desvendada.” – Disse Albano.

“Vossa majestade, temo que terei de desapontá-lo. Esta lamina pertenceu a um ancestral distante, mas nada sei sobre ela mais do que o senhor. Não há registro sobre o significado das marcações, nem há referências sobre elas nos livros. Até mesmo para livrar meu caminho através da floresta ela se mostrou inútil!”

“Muito bem….devemos então todos nós chegar a um desfecho frustrante ao final deste caminho, provavelmente não há mais nada a se fazer do que celebrar nosso encontro inoportuno em um caneco de cerveja enquanto assistimos Myridian chegar ao seu fim. Sabe…há um inimigo que pode ser visto mas ninguém sobreviveu para contar como ele se parece. Eles atacam em ondas organizas. Suas tropas não deixam rastros nem vida para trás. Isso é tudo que sabemos. E parece que a terra em si tornou-se intolerante à vida. Ocorreram mais desastres naturais neste ano do que em toda a história de Myridian. Pelo menos no que está documentado.”

Assim que terminou com seus argumentos, nós três nos encontramos diante de uma enorme porta de latão. Provavelmente a maior e mais pesada que já vi. Tomou quase toda a força de Albano para empurrá-la apenas o bastante para passarmos por uma modesta abertura. Ele precisou de um momento para recuperar seu fôlego. Hertanyth e eu entramos no que aparentemente era uma cripta. Um domo cercado por colunas repletas de símbolos similares aos da minha adaga. Apesar das diversas tochas nas paredes ao redor era praticamente impossível de ver tudo dentro da câmara. Era simplesmente grande demais. Peguei uma tocha e avancei pelo local onde acabei parando em um altar. Ali havia uma mesa redonda para executar rituais, um atril sem livro algum, um candelabro e algum tipo de palanque à frente. Grande o bastante para uma porção de pessoas. Era feito de pedra esculpida e tinha rachaduras e marcas que só podem ter sido feitas pelos vincos de botas de aço. O que mais me deixou perplexo foi que nenhum ferreiro poderia tê-los feito daquele tamanho. E mesmo se algum fez, seus portadores teriam de ser muito mais pesados do que uma criatura média para rachar o chão onde pisam. Eram grandes demais até mesmo para Albano, que agora olha para mim. Ele ri de forma gentil enquanto vê o espanto em meus olhos.

“Vá um pouco mais, pequeno. Enquanto você dormia em meus aposentos eu pude ouví-lo murmurar sobre alguém especial…palavras de esperança e visões de um ser…Talvez seja hora de você vê-lo realmente pela primeira vez!”